A falta de manutenção na pista de taxiamento do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), impediu o funcionamento parcial do aeroporto após o incidente com um avião cargueiro, no último dia 21, quando as operações no local ficaram totalmente suspensas durante 45 horas. Documento obtido pelo G1 mostra que a pista auxiliar é homologada desde 1981 para voos eventuais, mas a precariedade na pavimentação gerou um alerta de segurança, em 2006, para que a taxiway não fosse mais utilizada.
A suspensão das atividades em Viracopos afetou 25 mil passageiros e causou um prejuízo estimado de R$ 20 milhões às empresas aéreas. Isso porque a companhia proprietária do cargueiro, a Centurion, teve dificuldade para remover o avião da única pista em atividade no aeroporto.
Aviso aos navegantes
A pista de taxiamento de Viracopos tem como função principal o deslocamento de aeronaves do local de embarque até a pista de voo. Entretanto, a portaria 227 de 20 de novembro de 1981 determina que, a partir daquela data, fica "homologado e aberto o tráfego aéreo”.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a função de "segunda pista de pousos e decolagens" foi embargada há seis anos, desde que a Infraero disparou um “Aviso aos Navegantes” (Notam), no qual informa a toda comunidade aeronáutica sobre a precariedade da pavimentação. A estatal admite o problema, mas diz que seria impossível realizar reparos no local sem comprometer as atividades na pista principal e, portanto, julgou a obra inviável.
A pista de taxiamento tem 2,7 mil metros de comprimento por 23 metros de largura e uma das principais restrições para que ela opere em situações emergenciais é justamente a qualidade do asfalto. Apesar da Infraero descartar a manutenção, a própria Secretaria de Aviação Civil (Sac), a quem a estatal responde, estuda melhorar as taxiways dos aeroportos brasileiros para serem usadas durante incidentes como o ocorrido em Campinas.
Alternativa para o fechamento
Para o professor do Departamento de Engenharia Aeronáutica da USP James Waterhouse, a manutenção da pista seria uma medida importante para evitar os transtornos ocorridos após o incidente. “Se nós tivéssemos uma pista de táxi homologada com tudo em ordem, pelo menos os ATRs poderiam ter operado lá”, disse. A companhia aérea Azul, responsável por 85% das operações domésticas de Viracopos, possui em sua frota 11 aeronaves deste modelo.
Para o professor, a Infraero falhou em não cuidar da manutenção da pista, que significaria uma alternativa para prevenir os transtornos pós-incidente. “A filosofia da aviação é sempre estar à frente do problema, e tanto a pista de táxi quanto a aquisição de um equipamento de remoção de aeronaves são alternativas viáveis neste caso. Faz parte de todo um hall de checagens que pelo visto não foram feitas. É mais uma das pérolas da Infraero”, disse.
O que diz a agência fiscalizadora
À Anac caberia a função de fiscalizar o cumprimento das normas de aviação civil nos aeroportos brasileiros. A agência informou, por meio de sua assessoria, entretanto, que “não é atribuição dela exigir o funcionamento da pista”. Isto, segundo a assessoria de imprensa, é função do administrador, que pode optar ou não por operar. A Anac informou, ainda, que faz vistorias periódicas no Aeroporto de Viracopos.
O que diz a Infraero
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a Infraero confirma que o Notam impede que a pista seja utilizada em voos e que, desde 2006, quando o aviso foi disparado, não realizou os reparos necessários porque “na obra de recuperação do pavimento seria necessária, entre outras coisas, a interrupção das atividades na pista principal, resultando em impacto operacional”. Segundo a estatal, “isso impediria, também, os pousos e decolagens no aeroporto, visto que na execução dos reparos seriam interrompidos os acessos aos pátios”.
A Infraero justifica, ainda, que, apesar da pista ser homologada, houve uma transformação no perfil de voos em Viracopos desde a homologação e que a adequação da via para pousos e decolagens exigiria a implantação de sinalização horizontal, um sistema de pista, e também adequação às luminárias de balizamento. A estatal afirma, por fim, que na situação do último dia 21, se oporia à liberação da pista.
“Uma eventual liberação dependeria de análise sobre as características de homologação da pista, das aeronaves e das condições atuais de segurança. (...) Haveria risco para os usuários se fosse liberada para pousos e decolagens, sem os devidos ajustes e planejamento acima mencionados”, diz a nota.
Após a concessão
O Aeroporto Internacional de Viracopos passa a ser administrado pela concessionária Aeroportos Brasil no dia 14 novembro. A empresa, que já anunciou o prazo para a construção de uma segunda pista de pouso e decolagem para 2017. Até lá, entretanto, a empresa informou por meio de assessoria de imprensa que cogita realizar as obras de manutenção na taxiway para que ela possa funcionar como pista de pousos eventuais.
A suspensão das atividades em Viracopos afetou 25 mil passageiros e causou um prejuízo estimado de R$ 20 milhões às empresas aéreas. Isso porque a companhia proprietária do cargueiro, a Centurion, teve dificuldade para remover o avião da única pista em atividade no aeroporto.
Aviso aos navegantes
A pista de taxiamento de Viracopos tem como função principal o deslocamento de aeronaves do local de embarque até a pista de voo. Entretanto, a portaria 227 de 20 de novembro de 1981 determina que, a partir daquela data, fica "homologado e aberto o tráfego aéreo”.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a função de "segunda pista de pousos e decolagens" foi embargada há seis anos, desde que a Infraero disparou um “Aviso aos Navegantes” (Notam), no qual informa a toda comunidade aeronáutica sobre a precariedade da pavimentação. A estatal admite o problema, mas diz que seria impossível realizar reparos no local sem comprometer as atividades na pista principal e, portanto, julgou a obra inviável.
A pista de taxiamento tem 2,7 mil metros de comprimento por 23 metros de largura e uma das principais restrições para que ela opere em situações emergenciais é justamente a qualidade do asfalto. Apesar da Infraero descartar a manutenção, a própria Secretaria de Aviação Civil (Sac), a quem a estatal responde, estuda melhorar as taxiways dos aeroportos brasileiros para serem usadas durante incidentes como o ocorrido em Campinas.
Alternativa para o fechamento
Para o professor do Departamento de Engenharia Aeronáutica da USP James Waterhouse, a manutenção da pista seria uma medida importante para evitar os transtornos ocorridos após o incidente. “Se nós tivéssemos uma pista de táxi homologada com tudo em ordem, pelo menos os ATRs poderiam ter operado lá”, disse. A companhia aérea Azul, responsável por 85% das operações domésticas de Viracopos, possui em sua frota 11 aeronaves deste modelo.
Para o professor, a Infraero falhou em não cuidar da manutenção da pista, que significaria uma alternativa para prevenir os transtornos pós-incidente. “A filosofia da aviação é sempre estar à frente do problema, e tanto a pista de táxi quanto a aquisição de um equipamento de remoção de aeronaves são alternativas viáveis neste caso. Faz parte de todo um hall de checagens que pelo visto não foram feitas. É mais uma das pérolas da Infraero”, disse.
O que diz a agência fiscalizadora
À Anac caberia a função de fiscalizar o cumprimento das normas de aviação civil nos aeroportos brasileiros. A agência informou, por meio de sua assessoria, entretanto, que “não é atribuição dela exigir o funcionamento da pista”. Isto, segundo a assessoria de imprensa, é função do administrador, que pode optar ou não por operar. A Anac informou, ainda, que faz vistorias periódicas no Aeroporto de Viracopos.
O que diz a Infraero
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a Infraero confirma que o Notam impede que a pista seja utilizada em voos e que, desde 2006, quando o aviso foi disparado, não realizou os reparos necessários porque “na obra de recuperação do pavimento seria necessária, entre outras coisas, a interrupção das atividades na pista principal, resultando em impacto operacional”. Segundo a estatal, “isso impediria, também, os pousos e decolagens no aeroporto, visto que na execução dos reparos seriam interrompidos os acessos aos pátios”.
A Infraero justifica, ainda, que, apesar da pista ser homologada, houve uma transformação no perfil de voos em Viracopos desde a homologação e que a adequação da via para pousos e decolagens exigiria a implantação de sinalização horizontal, um sistema de pista, e também adequação às luminárias de balizamento. A estatal afirma, por fim, que na situação do último dia 21, se oporia à liberação da pista.
“Uma eventual liberação dependeria de análise sobre as características de homologação da pista, das aeronaves e das condições atuais de segurança. (...) Haveria risco para os usuários se fosse liberada para pousos e decolagens, sem os devidos ajustes e planejamento acima mencionados”, diz a nota.
Após a concessão
O Aeroporto Internacional de Viracopos passa a ser administrado pela concessionária Aeroportos Brasil no dia 14 novembro. A empresa, que já anunciou o prazo para a construção de uma segunda pista de pouso e decolagem para 2017. Até lá, entretanto, a empresa informou por meio de assessoria de imprensa que cogita realizar as obras de manutenção na taxiway para que ela possa funcionar como pista de pousos eventuais.
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